Resolvi escrever sobre isso essa semana depois de um trecho da entrevista que eu fiz com a Manu Gavassi no último #NaPalmaDaMari (dá pra ler mais aqui ou assistir abaixo), em que ela, aos 31 anos, diz que não tem medo de envelhecer. “Só tá ficando melhor”, ela disse. E eu me identifiquei muito com essa resposta. Eu cresci com muita gente me dizendo que envelhecer era ruim, numa época em que essa nem devia ser uma preocupação minha. Lembro que quando eu tinha uns 15 anos, ouvi que “depois dos 30 tudo desmoronava”. Eu ainda tava na metade desse caminho, mas já tinha gente na minha orelha me dando esse “aviso” ou “conselho”, chame como quiser.

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E aí eu cheguei nos temidos 30 e adivinha só: nada desmoronou. Mudou? Sim, claro. Tudo sempre muda. Eu, obviamente, não tinha mais a mesma disposição, o mesmo rostinho e o mesmo metabolismo de quando eu tinha 20, mas eu escolhi ver a outra mudança que a idade me trouxe: ao contrário de antes, com 30, eu tinha muito mais maturidade, liberdade e independência pra ser quem eu quisesse ser. Por que então tanta gente me fez acreditar que isso era ruim?

Acho que a ideia do envelhecimento ainda é muito associada exclusivamente à nossa aparência, o que faz grande parte das pessoas pensar só no ponto negativo. Um “negativo” que, se você parar pra pensar, só existe porque a gente foi bombardeada a vida toda com uma única forma de ser bonita: uma forma que não inclui ter cabelo branco, rugas ou linhas de expressão (e aqui eu tô falando principalmente com você, mulher). Como, então, não temer a chegada da idade que vai me fazer desenvolver todas as características físicas que sempre me disseram ser feias? Mais do que isso: como não temer a idade que, segundo as pessoas, diminui o nosso valor na sociedade?

Então, sim, é claro que muita gente sempre pensou no envelhecimento como algo ruim. Seria estranho se fosse o contrário, no contexto que a gente cresceu. E aqui não tô falando só sobre estética: segundo a sociedade que me criou, envelhecer também significa perder relevância social e profissional, enquanto do outro lado existe uma valorização desproporcional da juventude. O bom é que, com o ar dos anos, mais pessoas têm falado sobre o assunto sem medo e questionado esse modo automático de aceitar as coisas como dizem que elas têm que ser. Eu escolhi abrir minha cabeça e ouvir essas pessoas, principalmente mulheres, que começaram a ver o processo de envelhecer de um jeito diferente: mais gentil, mais natural e mais sincero.

Por isso eu me identifiquei tanto com a Manu quando ela disse que não tem esse medo. Talvez ela já tenha tido, como muitas outras mulheres. Mas quando a gente para pra pensar no quão pequena é uma linha de expressão perto da força interna que o amadurecimento traz, tudo muda. Não significa que eu não vá atrás de um botox eventualmente, afinal ainda sou (somos) vítima da mesma sociedade, mas eu quero muito me esforçar cada vez mais pra não virar refém dessa busca irreal por uma aparência que eu não vou mais ter. O que eu quero é focar em me conhecer e me sentir segura pra ser uma mulher livre e independente pra tomar minhas próprias decisões, sem me importar com a expectativa dos outros. Essa é a beleza de envelhecer - e é nesse caminho que eu quero seguir.

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